segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Liderança

A liderança é, na minha opinião, o grande desafio do séc. XXI. A liderança é o verdadeiro passo acima da mediocridade: ser capaz de servir, não só a nós próprios, mas também aos outros. E a liderança é, acima de tudo a nossa capacidade de atrair as pessoas certas. Para atrair pessoas atractivas temos de ser, nós próprios também atractivos. Ter uma lista de qualidades atractivas. Tudo coisas que podemos obter com algum treino e empenho. No fundo acabamos por estar a falar de desenvolvimento pessoal: a chave para um futuro melhor.

Cada vez mais as competências técnicas são baratas e fáceis de encontrar, tornando-se a atitude e a capacidade de influenciar os outros, os verdadeiros critérios do sucesso. A capacidade de influenciar os outros distingue as pessoas verdadeiramente bem sucedidas.

O primeiro aspecto a considerar quando falamos da nossa capacidade de influenciar os outros é a nossa integridade. Sermos íntegros significa sermos inteiros. Termos só uma cara e uma palavra. Sermos íntegros é deixarmos claro nas nossas acções (e não no que dizemos) que temos os interesses dos outros em consideração. Esta é a única forma de garantir, no longo prazo, a nossa capacidade de liderança. O verdadeiro líder está focado no bem comum.

O mais fácil de ser identificado é a nossa competência, mas se o nosso carácter não a sustentar, a nossa capacidade de influenciar os outros será seriamente prejudicada.

Os nossos padrões são a segunda característica que gostaria de referir. Os nossos padrões são aquilo que exigimos a nós próprios. Aquilo para que nos posicionamos. Com quanto e com o quê nos damos por satisfeitos. E porque é que os nossos padrões são importantes? Porque as pessoas querem seguir quem tem os padrões mais elevados. Quem traz uma melhor perspectiva em relação ao futuro é sempre quem nos inspira.

Na mesma linha vem o aspecto seguinte: o optimismo. Uma vez que gostamos de seguir quem nos traz a perspectiva de um melhor futuro, acabamos por seguir pessoas optimistas. Os líderes começam por ser realistas. E ser realista significa conhecer a realidade, ou seja o presente, como ele é. Nem melhor nem pior, simplesmente como é. Mas os líderes vêm como o futuro pode ser. Como o futuro pode ser melhor do que é o presente. O optimismo não é mais do que escolher ver o mundo e consequentemente o futuro de uma forma positiva.

A quarta característica é a capacidade de servir os outros. A chave do sucesso, da grandeza e do reconhecimento passa por servir. Todas as pessoas verdadeiramente bem sucedidas, foram-no por encontrar formas de servir a muitos. O líder não pergunta o que podem as pessoas fazer por ele, não pede, não espera… O líder pergunta-se o que pode ele fazer pelo grupo e actua.

No fundo os líderes compreendem a diferença entre “hard power” e “soft power”. Hard power vem da nossa capacidade de impor a nossa vontade pela força, pela coacção. E se por (raras) vezes não podemos deixar de a usar, pela coacção não temos senão mínimo da parte das pessoas.

Mas o soft power é magnético. Usando o soft power tornamo-nos no tipo de pessoas que os outro querem seguir. Sim porque são os outros que nos dão o benefício de se deixarem influenciar. O reconhecimento de nos seguirem. O privilégio de aderirem às nossas ideias. O verdadeiro Líder sabe que não pode decidir liderar. Sabe que é o seguidor quem decide se segue ou não. Sabe que a única decisão que está ao seu alcance é a de se tornar no tipo de pessoa que os outros seguem. O tal indivíduo atractivo. E sabe também e acima de tudo que quando seguimos alguém por opção, por inspiração, damos tudo em favor desse projecto. Fazemos muitas vezes mais por um projecto e um Líder em que acreditamos do que faríamos por nós próprios.

(Este artº foi publicado na revista Human de Ago 09)