segunda-feira, 27 de abril de 2009

Atitude 100º

Nos últimos anos tem circulado na Internet um vídeo com o nome de 212ºF. 212ºF são 100º C e é a temperatura a que a água ferve. A 99ºC a água está quente, mas com mais um grau ferve. Apenas mais um grau!... Com a fervura da água liberta-se vapor e com este vapor, pode-se pôr motor a trabalhar, pode-se mover uma locomotiva. Também na vida e nos negócios um grau a mais pode fazer toda a diferença. Um grau a mais de esforço e dedicação pode separar os vencedores dos derrotados!

Diz no vídeo que nos últimos 25 anos a diferença média, que distinguiu os vencedores dos principais torneios de Golfe, é inferior a três pancadas. Nos jogos Olímpicos muitas vezes a diferença da medalha de Ouro para o segundo classificado é inferior a 1 segundo. Nos últimos 10 anos, nas 500 milhas de Indianópolis, a margem média para a vitória foi de 1.54 segundos. Mas os vencedores levaram para casa mais do dobro do valor monetário do segundo classificado.

Muita gente se recorda, nas Olimpíadas de 2008, a 7ª medalha de Ouro de Michael Phelps, nos 100m mariposa na última braçada. Depois de ir em segundo toda a prova e mesmo dando a última braçada depois do seu principal adversário, Phelps chega primeiro porque a braçada do outro atleta ficou a poucos centímetros do muro. Impressionante! Phelps leva a sua 7ª medalha de ouro. E o segundo classificado? Quem se lembra do nome dele?... Um atleta de excepção. Foi em primeiro toda a prova, perdeu na última braçada por uma fracção de segundo... E ninguém se lembra do seu nome…

Um grau, um centímetro, um segundo, podem fazer a diferença entre quem rapa todas as recompensas e quem vai para casa de mãos a abanar.

O mundo é cada vez mais competitivo e como tal ser bom já não chega. Os Bons recolhem apenas razoáveis resultados.

Para se obterem bons resultados há que ser Excelente. Há que estar a 100%! Mas para se obterem resultados excelentes há que estar acima dos 100%. Para se obterem resultados excelentes, há que ser absolutamente excepcional. E são os Indivíduos excepcionais que rapam todos os benefícios.

E por isso é fundamental elevarmos os nossos padrões. Um dos segredos para o sucesso passa pela auto-exigência de padrões mais elevados. Esta exigência passa por não nos satisfazermos com menos do que somos capazes de fazer e, acima de tudo, por transformar os nossos “devia” em “tenho” ou, com perdão do anglicismo, em “Musts”.

Porque é importante aumentar os nossos padrões? A razão é muito simples. Nós crescemos até ao limite do nível dos nossos padrões.

Como seremos boas pessoas com baixos padrões? Como seremos bons Pais, Esposo(a)s, Amigo(a)s, Profissionais com baixos padrões? Como poderão ser altos os nossos desempenhos, se tivermos baixos padrões?

A questão é quanto é que vamos exigir de nós próprios?... E a resposta deve ser: uma verdadeira atitude de 100º C… Um grau extra de empenho, um grau extra de compromisso, um grau extra de esforço vai fazer toda a diferença no final.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Crise entre as orelhas

"It's not the economy out there that is the problem, it's the economy between your ears that is the problem." Zig Ziglar

Tive o privilégio, aqui há uns anos atrás, de ser aluno do Prof. Anibal Cavaco Silva, hoje Presidente da República. Recordo-me que um dos temas de que o Professor falava bastante e que ainda hoje retenho da memória, era do clima de confiança económica e acima de tudo daquilo a que julgo que poderiamos classificar como a nossa auto-imagem económica enquanto Povo. Ou seja aquilo que pensamos sobre nós próprios (colectivamente), como principal condicionante da forma como agimos.
Da mesma forma que é a nossa auto-imagem individual que condiciona os nossos desempenhos enquanto indivíduos, também será este nosso (baixo) auto-conceito colectivo que nos empurra para a cauda da Europa e nos coloca cada vez mais longe dos nossos objectivos.

De cada vez que abro um jornal ou que ligo a televisão, aquilo que vejo são, acima de tudo, pessoas a dizer que “...isto está muito mal!” enquanto procuram responsáveis, no sentido de os culpar pelo que se passa. Então o Governo é uma nódoa, os Bancos é que têm a culpa, os Patrões então nem se fala e, na falta de melhor, até a Sogra e o Mordomo podem recolher algumas responsabilidades.

Antes de falecer, Eduardo Prado Coelho escreveu, no Público,um fantástico artigo onde apelava exactamente para a nossa consciência individual, como forma de melhorar os nossos resultados colectivos. Neste artigo pedia-nos que deixássemos de apontar o dedo aos nossos Governantes, como responsáveis por tudo o que de negativo se passa nas nossas vidas e assumíssemos, de uma vez por todas a responsabilidade de mudar o nosso futuro.

Atenção que não quero com isto dizer, que devemos deixar de pedir responsabilidades a quem nos governa e/ou lidera, nem que devemos abdicar de denunciar aquilo que diariamente nos choca. Aquilo que defendo é que teremos muito mais legitimidade para o fazer, a partir do momento em que cumprimos a nossa parte. E cumprir a nossa parte é não contribuirmos com menos do que a nossa capacidade nos permite. Cumprirmos a nossa parte é não sermos menos do que exemplos brilhantes para os nossos pares (e já agora para os nossos filhos). Cumprirmos a nossa parte é assumirmos também as nossas responsabilidades. E aí sim, temos legitimidade para reclamar. Mas não enquanto não nos mantivermos responsáveis, a nós próprios, por sermos as melhores pessoas que podemos ser. Não enquanto não desenvolvermos, nós próprios, consciência social!

Nos meus seminários com Empresários, falo com frequência daquilo a que chamo as equações do sucesso. A segunda dessas equações e espero sinceramente que não esteja gasta, foi-nos dada por J.F. Kennedy, no seu discurso de tomada de posse como presidente dos EUA. Nesse discurso Kennedy deixou aos Americanos um desafio que ficou mundialmente famoso e que deveria, desde aí, ter sido subscrito por cada indivíduo independentemente da sua nacionalidade. O desafio foi “...não perguntem o que pode o vosso País fazer por vocês, perguntem o que podem vocês fazer pelo vosso País!...” Este desafio é a derradeia evolução de maturidade filosófica. É o desafio da responsabilidade. É a compreensão de que o nosso papel na vida é processar aquilo que nos é proporcionado pelo nosso ambiente e com isso criar valor. É a compreensão de que o primeiro passo para receber é dar!... Todas as equações de sucesso passam por servir!

O caminho para que as coisas melhorem, passa por cada um de nós. Aqueles que preferirem fugir à sua responsabilidade, continuarão a ter de viver com o resultado das suas opções. E já agora se continuarem a tomar as opções que sempre tomaram, vão continuar a viver como sempre viveram... Eu escolho começar por pedir responsabilidades a mim próprio! Todos os dias exijo a mim próprio mais do que no dia anterior. E tenho a noção de que o meu caminho é longo...

Ou como nos deixou Eduardo Prado Coelho no artigo acima mencionado “ ...decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.”

Um resumo deste texto foi publicado no jornal OJE de 23.3.09