terça-feira, 16 de março de 2010

Condições de vida

De cada vez que as nossas condições de vida estão de acordo com as nossas expectativas, nós sentimo-nos bem.

Quando existe uma diferença entre as nossas condições de vida e as nossas expectativas gera-se dor. Sendo a dor uma das duas forças que derradeiramente dirige a nossa acção (a outra é o prazer), há três comportamentos que normalmente assumimos para afastar essa dor.

O primeiro e mais frequente, é encontrar um culpado. Tendemos a não assumir a responsabilidade e a propriedade sobre o que se passa à nossa volta. Culpamos eventos, os outros, a nós próprios e eventualmente até o árbitro e a sogra. Mas assumimos a incapacidade de mudar o que se passa.

O segundo e também bastante frequente, é mudarmos as nossas expectativas. Se as condições de vida não correspondem às nossas expectativas, ao baixarmos as últimas, afastamos o desconforto. “Há mas são verdes!”. Convencemo-nos de que não precisamos de ver essas expectativas satisfeitas... Fechamos por menos do que merecemos...E contentamo-nos com as migalhas... Encontramos pobres argumentos para justificar a mediocridade porque “o importante é viver descansado”. E chegamos até a encontrar evidência, de que termos expectativas elevadas faz de nós pessoas menos dignas porque ”isso de ser bem sucedido é para quem está disposto a passar por cima dos outros!...”

A terceira possibilidade e infelizmente a menos frequente, é a de mudarmos as nossas condições de vida. Quando assumimos a responsabilidade de ser os agentes de mudança, assumimos também a responsabilidade de ter melhores condições de vida. Mais do que isso, criamos condições para aumentarmos as nossas expectativas. Ou seja, à medida que vamos atingindo os nossos objectivos, traçamos outros cada vez mais ambiciosos. E esta será a atitude dos que contribuem para que o mundo seja melhor. Esta será a forma de estar dos que constroem um futuro melhor para os seus filhos, mas também para os nossos.

Eu entendo que vivemos num mundo absolutamente fantástico. As condições de vida a que temos acesso são inacreditáveis, por comparação à forma como vivíamos há 50, 100, 1000 e 5000 anos. E isso é possível porque algumas pessoas extraordinárias, quase sempre com sacrifício pessoal, saíram da sua zona de conforto e deram à sociedade mais do que se esperava delas. Recusaram-se a viver com aquilo que a vida lhes dava e decidiram tirar dela o que queriam. Assumiram a responsabilidade de mudar as suas condições de vida e de não arranjar justificações para o insucesso e nem baixar as suas expectativas.

Será que temos o direito de viver num mundo construído por Indivíduos de sucesso, beneficiarmos de tudo o que eles nos deixam e não assumir a responsabilidade de lutarmos diariamente para construir os nossos futuros? Adaptando a frase de Kennedy passarmos a perguntar “o que podemos nós fazer pelo mundo, em vez de perguntar o que pode ele fazer por nós.”