segunda-feira, 1 de maio de 2017

Os 3 amores...

A primeira pessoa a reflectir e a descrever o amor terá, talvez, sido Platão, na sua obra "O Banquete" e pelas palavras do seu Mestre, Sócrates... o Grego... Na definição de Platão, veiculada pelo seu mentor, amor era desejo: “eros”... o desejo por aquilo que não temos.

O amor platónico era todo eroticidade, paixão e tesão... a vontade de ter algo, ou alguém, que não possuíamos.

Eros talvez seja a forma mais primária de amor. A forma mais fácil de amar... Porque é amar com o corpo e é um amor que não requer trabalho. É apenas a resposta a uma emoção básica. “Eros” é também um amor que se esgota! Esgota-se com a facilidade com que chega. É um amor que esmorece a partir do momento em que se possui o objecto do desejo.  É um amor que desaparece no momento em que nos sentimos confortáveis e garantidos... É um amor que se dilui quando deixa de ser novidade. É um amor que não resiste a nenhum tipo de rotina e estabilidade.

Aristóteles, discípulo de Platão,  não se contentou com o amor erótico.  E disse que amor não poderia ser apenas desejo por aquilo que não se tinha, deveria ser também felicidade por aquilo que se tinha. Para Aristóteles amor era “filia” e “filia era alegria, segundo Espinoza a passagem  para um estado mais potente do próprio ser.  A alegria, a felicidade, de termos o objecto do nosso amor, de termos a pessoa amada.

O amor de Aristóteles é muito mais exigente, muito mais difícil e requer muito maior maturidade emocional e afectiva. “Filia” é um amor que dá trabalho, que requer investimento constante, que precisa de tolerância e da capacidade de passarmos por bons e maus momentos, mas sem desistirmos. “Filia” é um amor que se constrói... a dois...

E se podemos ter um amor muito mais fácil e, aparentemente, mais estimulante, como “Eros”, porque havemos de querer um amor muito mais desafiante como “Filia”? E a resposta é, porque é muito mais gratificante. Porque este é um amor que não se esgota e, por isso, é um amor que nos permite viver uma vida extraordinária. A vida que dividimos com outra pessoa e que nos dá a possibilidade de frutificar e construir algo muito maior do que nós próprios...


Mas é com Cristo que nos surge a derradeira forma de amor, “Agape”. E “Agape” é o amor pelo amor. O amor ao próximo. O amor incondicional. “Agape” é um estado de sintonia perfeita e de êxtase. Agape não conhece condições nem pressupostos. “Agape” é independente da posse. Ama-se quer se possua ou não o objecto do amor. “Agape” é muito mais refinado ainda do que “Filia”, porque se no segundo a prioridade somos nós e a nossa alegria, no primeiro a única coisa que interessa é o objecto do nosso amor... Se “Filia” depende da nossa felicidade, da nossa alegria, em “Agape” a única coisa que interessa é a felicidade, a alegria e a passagem para um estado mais potente, do ser amado.

Agape é a elevação máxima do amor. A que verdadeiramente vale a pena. Livre do ego, do apego, das condições, dos pressupostos. E é, infelizmente, aquela que nem todos temos o privilegio de conhecer e, na minha opinião, a única e verdadeira razão pela qual se justifica viver...

2 comentários:

Vitor tavares disse...

Agapem se, desapeguem se e sejam felizes a fazer os outros felizes!
Abreijos a todos!

Unknown disse...

Ai o amor!
" Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino tine."
Coríntios 1, 1
Ainda há mais, Coríntios 1,1-13