terça-feira, 27 de outubro de 2009

Motivação

Na última semana, esteve em foco na comunicação social o concurso para a pessoa mais motivadora de Portugal.

Tive o privilégio de ser um dos nomes sugeridos e o privilégio ainda maior de ter sido um dos finalistas.

Ainda assim recordo-me de ter pensado, quando soube que o meu nome havia sido sugerido, “como posso aceitar ser candidato, se não acredito que seja possível motivar alguém?”.

A nossa motivação é aquilo em que nós pensamos a maior parte do tempo. E nós transformamo-nos naquilo em que pensamos de forma constante. Ou seja, somos motivados e movidos, em permanência, pelos nossos pensamentos correntes. A motivação é, para mim, a força interna que nos conduz às decisões que moldam a nossa vida. E move-nos em direcção a algo, ou afasta-nos de alguma coisa.

Mas é um processo interno. O processo de encontrar um motivo para aquilo que fazemos… Ou deixamos de fazer… De facto, acredito que todos nós somos motivados por defeito. Positiva ou negativamente. Até a decisão de não fazer nada é originada por um motivo. Motivação para não fazer nada.

Podemos ouvir alguém com um discurso inspirador, que nos façam sentir bem ou ter vontade de agir por uns dias. Podemos ter alguém que consiga ajudar-nos a atingir o estado emocional que nos conduz à acção imediata. Mas para que o efeito seja duradouro, temos de querer, aceitar e internalizar novos conceitos. Temos de estar disponíveis para ver alterados os nossos conhecimentos, convicções e valores… Enfim aceitar uma evolução da nossa própria identidade.

Há duas emoções que estão na base da motivação: o medo e o desejo. O medo é a emoção destrutiva que se foca no passado, implicando uma repetição contínua de más experiências e sua projecção no nosso futuro. O desejo é como um íman que nos faz procurar repetir no futuro as nossas memórias de prazer e de sucesso.

E estas emoções causam-nos pressão que é boa ou má dependendo apenas da forma como lidamos com ela. Se é causada pelo medo é destrutiva, criando stress e até doença. Se é originada pelo desejo é como a força que puxa uma seta para o centro de um alvo.

O trabalho de Viktor Frankl, psiquiatra que foi prisioneiro em campos de concentração alemães, mostra que necessitamos de objectivos que nos façam seguir em frente. A grande diferença é que as pessoas bem sucedidas se focam nas recompensas enquanto que a maior parte de nós tende a focar-se nas consequências que projecta e muitas vezes exagera, de um eventual fracasso.

O sucesso não está reservado para os que têm talentos especiais, um QI elevado ou um berço de ouro. Está dependente, na sua quase totalidade, da nossa motivação interna.

Por detrás de cada vencedor está um desejo ardente e a expectativa de que as coisas lhe vão correr bem, porque tudo fez para isso. Está o optimismo de quem está numa posição de gratidão porque compreende e se foca em tudo aquilo que a vida tem de bom. Enquanto os outros fazem ondas, os vencedores aproveitam para fazer surf.
Ser bem sucedido é um hábito… mas fracassar também.

1 comentário:

Jackie disse...

Concordo contigo... Na "vida real" eu também tenho medos e desejos, ou como diria eu "sonhos" :-)... Muitas vezes dominam-me mais os sonhos... A falar de surf, também ai tenho medo, tenho um medo enorme do mar, das ondas, se calhar por isso não avanço (além de que não tenho talento), mas o sonho e o amor ao surf, faz com que eu não desista, mesmo depois de partir a perna e de cicatrizes tipo rambo, etc., continuo a tentar, tentar, tentar... "Surfing & waves" is like "life & opportunities": some days you have many great waves, some days you have no waves at all, some days the waves are few/dangerous/difficult, you need to react fast to take the only one good wave without thinking too much, or have the courage to catch the difficult/dangerous ones, otherwise you go out without catching any wave.. If it happens, don't desist,next day you can try it again :)