quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Filosofia

“Não podemos mudar a semente, o solo, a chuva, nem a luz do sol, mas podemos mudar-nos a nós!”

Jim Rohn

Houve uma altura na minha vida em que, apesar de trabalhar muito, apesar de ter uma série de competências técnicas importantes para o desempenho das minhas funções profissionais e apesar de até ter o reconhecimento profissional dos meus superiores hierárquicos, não estava a conseguir progredir da forma que desejava. E se não estava a conseguir progredir a nivel profissional, também a nivel pessoal a vida não se estava a desenrolar de acordo com os meus objectivos. Eu teria 27/28 anos muitas expectativas, estava também a construir família mas começava a sentir-me atrasado nos meus sonhos.

Comecei então a procurar justificações para o que se passava comigo. Comecei também a encontrar alguns culpados para os resultados que teimavam em atrasar-se. Culpei a sociedade, a família, a empresa onde trabalhava e o próprio mundo que não me tratava de uma forma justa. Mas nunca me passou pela cabeça culpar a minha filosofia. “Porque é que as coisas não me correm melhor? Sabe, é que eu tenho esta fraca filosofia que não me ajuda nada.” Não, isto nunca me passou pela cabeça.

Mas um dia compreendi que se continuasse a culpar tudo à minha volta pelos meus lentos progressos, estava a culpar tudo o que tinha. Se culpasse o sol, o vento, o solo, o sol, as sementes e as estações do ano, então nada mais restava. Nesse dia compreendi que há coisas sobre as quais simplesmente não temos controlo. São as regras do jogo. Nesse dia compreendi também que havia algo que eu podia controlar e que era suficiente para fazer toda a diferença... A minha filosofia!

Eu costuma pensar “...mas as pessoas não compreendem os desafios (eu costumava chamar-lhe problemas) a que tenho estado sujeito...” e passei a pensar “... vá lá, o que te acontece, acontece-nos a todos. Os desafios não são coisas especiais reservadas só para ti...”

Percebi que a minha filosofia era como a vela de um barco. Quanto melhor a vela, melhor o barco andava. Quanto melhor a filosofia, melhor seria a minha vida.

Ao estudar a vida de pessoas de sucesso, percebi também que todas elas passavam por desafios iguais ou maiores que os meus. Aprendi, nessa altura, que o que fazia a diferença era a forma como elas reagiam a esses desafios. Aprendi que a vida é 10% aquilo que nos acontece e 90% aquilo que fazemos sobre isso.

Esse é exactamente o desafio da vida. Usar tudo o está à nossa disposição e, usando a nossa filosofia, transformar tudo isso em valor! E quando digo tudo, quero dizer absolutamente tudo. Mesmo aquilo que numa primeira abordagem nos parece uma tragédia.
O factor mais determinante, na forma como resulta e funciona a nossa vida, é a nossa filosofia. O verdadeiro teste de maturidade é exactamente assumir a responsabilidade de criar valor, com aquilo que a vida nos traz.

É através da nossa filosofia que podemos transformar a informação e as ideias que estão à nossa disposição em valor. É isso que nos torna diferentes dos animais. Estes só podem contar com os seus instintos. Quando inverno chega os patos só podem voar para o sul. Se o sul não estiver grande coisa... Azar... Nada mais se pode fazer... Mas nós não. Nós podemos desenvolver a nossa filosofia! E para isso temos de pensar. Temos de descobrir e processar ideias...

Percebi que alguns erros de julgamento feitos diariamente, teriam no longo prazo resultados dramáticos. Não é por fumar um cigarro que vou ficar doente. Não é por fumar um maço que vou ficar doente. Mas se fumar um maço por dia durante alguns anos, aí sim nada de bom poderá resultar. A questão é que, quando temos erros de julgamento, a vida não traz os maus resultados no imediato. Leva tempo. E embora nunca tivesse fumado, havia outros erros de julgamento que repetia diariamente. E eram esses erros que estavam a atrasar os meus sonhos. Se havia uma fórmula para o fracasso, haveria de ser esta. Alguns maus juizos repetidos diariamente.

Mas então o contrário haveria de ser a fórmula para o sucesso: algumas boas práticas repetidas diariamente, de forma disciplinada. Como diz o ditado americano “An apple a day, keeps the doctor away”. Ou seja a repetição disciplinada de uma boa prática trará, no longo prazo, um bom resultado.

A partir daí passei a ser grato por tudo aquilo que tenho. A ser grato por tudo o que a vida me trouxe. E, a partir dessa gratidão, a procurar as ideias, o conhecimento e os livros que me ajudassem a desenvolver a minha filosofia... E a minha vida nunca mais foi igual... Não voltei a culpar nada, nem ninguém e de repente e desde aí, comecei a viver os meus sonhos.

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